terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Primeiro livro de Casamentos de Viamão: 1748-1785

Os registros de casamento de Viamão presentes no Projeto Resgate de Fontes Paroquiais da UFRGS abrangem o período de 1747 a 1759 (Denominadas no Projeto como “folhas 1 a 76v.”). O livro, entretanto, abrange assentos do período de 1747 até 1785, dispostos desordenadamente.

José Lutzenberger, Igreja de Viamão Antiga. Aquarela.


Apresentamos aqui os registros previamente indexados pelo supracitado projeto e o complementamos com o restante das páginas não constante no projeto resgate. Além disso, fizemos uma revisão, junto à documentação original, dos registros já indexados em tal projeto, corrigindo ou complementando quando necessário.

A atribuição de número das folhas (coluna “Folha”) é o fornecido pelo Projeto Resgate. Como não fomos capazes de identificar tal numeração no documento original entre os registros que não estão presentes no referido Projeto (à exceção de algumas poucas páginas ao final do livro), não optamos por não manter a numeração naqueles inéditos que aqui indexamos. Seguimos a ordem das folhas tais como estão digitalizadas no site Family Search [familysearch.org], e não de forma cronológica, pois nos pareceu que essa é a forma como o livro encontra-se atualmente depositado na Cúria Metropolitana de Porto Alegre. Assim, a coluna “Registro” está ordenada de acordo com a ordem no site familysearch.org, assim como a coluna “Referência no Family Search” indica a imagem digitalizada pelo Family Search, bem como se se trata da página à esquerda (“esq”) ou aquela da direita (“dir”) na imagem digitalizada.
Os registros não indexados pelo Projeto Resgate, por escaparam ao escopo temporal do referido Projeto, e que foram indexados por nós, estão identificados com a sigla “NIPR” (‘Não Indexado no Projeto Resgate’), na coluna “Folha”.

As informações que originalmente constavam nos assentos mas foram apagadas ou destruídas pelas condições do livro foram, quando possíveis, recolhidas em documentação coeva (batismos, óbitos e habilitações de casamento) e colocadas entre chaves: [ ].

Os trechos que não tivemos capacidade de transcrever foram colocados entre chaves com reticências: […]

Eventuais informações não constantes no documento original, mas que complementam, corrigem ou esclarecem o documento original foram colocadas na coluna “Outras informações”.

Informações constantes no documento original e que expandem o comum do assento (nome dos nubentes, data, nome dos pais), tais como declarações sobre determinadas condições dos nubentes, trajetórias de vida, etc., foram colocadas na coluna “Nota”.

Referência no Family Search:
Brasil, Rio Grande do Sul, Registros da Igreja Católica, 1738-1952> Viamão> Nossa Senhora da Conceição> Matrimônios 1748, Fev-1777, Jan

Endereço no Family Search:
https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:939N-H2C3-H?wc=M78N-JNL%3A371594701%2C371567402%2C371803701&cc=2177295

Autoria:
Transcrição dos registros inéditos, revisão dos registros do Projeto Resgate, notas e complementos: Vinícius Oliveira Godoy.
Transposição para Planilha de dados dos registro no Projeto Resgate: João Batista Lopes da Silva.

 Acesso ao trabalho:

Primeiro livro de Casamentos de Viamão (1748-1785) 

 

 

A origem da família Barcellos do Sul do Brasil

 

 Para Edelvira Barcellos Sant'Anna (1906-1948), minha avó, in memoriam.

    A família Barcellos que se estabeleceu no estado de Santa Catarina e que, mais especificamente por alguns ramos, estabeleceu-se no Brasil já foi tratada nesse blog, especialmente seu ramo sul-rio-grandense. Conhecíamos a sua varonia, que chegava a um dos povoadores dos Açores, João da Ponte, Senador em Angra do Heroísmo que acompanhou o flamengo Jacome de Bruges no povoamente e primeiro governo da Ilha Terceira. Entretanto, desconhecíamos a origem do sobrenome Barcellos propriamente dito, já que esse seguia por linha varonil tão apenas até o Manuel de Barcellos de Aguiar, imigrante que veio para o Brasil em meados do século XVIII, como casal de número (casal del-Rei), durante o grande processo migratório açoriano para o sul do Brasil. Manuel de Barcellos de Aguiar (batizado a 24 de maio de 1693 em Fonte do Bastardo, Praia da Vitória, Ilha Terceira, casado em primeiras núpcias com Maria de Santo Antônio, em 8 de janeiro 1720, na mesma freguesia do batizado e, após ficar viúvo em 17 de fevereiro de 1736, casado em segundas núpcias, a 9 de julho 1736, na mesma freguesia, com Josefa da Conceição e com essa última esposa vem para o Sul do Brasil em torno de 1750) é filho de Domingos de Aguiar de Andrade e de Lucrécia Camelo, sendo seus avós paternos Sebastião Cardoso da Ponte e Maria de Aguiar e os maternos Sebastião da Costa e Catarina Camelo. Portanto, na geração de pais e avós havia um silêncio quanto ao sobrenome Barcellos. Apesar desse desaparecimento do apelido, seguindo alguns dos parentes colaterais aquele imigrante, já havíamos observado que, pela familiar Aguiar, alguns primos maternos de Domingos de Aguiar de Andrade mantinham o sobrenome Barcellos, tal como o filho de Domingos também o fazia: uma irmã de Maria de Aguiar (a avó paterna de Manuel de Barcellos de Aguiar), Joana de Andrade (não confundir a mãe homônima de ambas), é mãe de Francisca de Andrade de Barcellos (que se casa em 12 de janeiro de 1668 na Vila da Praia).



    Recentemente, através de um cotejo do manuscrito da Fénix Angrense (escrita entre 1683 e 1711 e também referida como Fénix Angrence), do Padre Manuel Luis Maldonado, com a obra Genealogias da Ilha Terceira, de Antônio Ornelas Mendes e Jorge Forjaz (publicada em 2007), nos foi possível confimar a hipótese da origem desses Barcellos ligados àqueles Aguiar da avó de Manuel de Barcellos de Aguiar. 

    Observa-se com frequência, nas linhagens portuguesas, que a transmissão de sobrenomes não segue uma linha rigorosa de sucessão varonil, mas sujeita-se muito mais às condições de status e reconhecimento de determinados apelidos, muitas vezes mantendo-se a memória de apelidos a muito não utilizado por determinado ramo familiar, e que são recuperados em gerações bem posteriores, o que é precisamente o caso, conforme veremos.

    Maria de Aguiar, a avó de Manuel de Barcellos de Aguiar, casada a 26 de fevereiro 1631 com Sebastião Carsoso da Ponte, é filha de Domingos de Aguiar e de outra Joana de Andrade. É na folha 261 da Parte Genealógica da Fénix Angrense que vemos (detalha da imagem abaixo) que Joana de Andrade casada com Domingos de Aguiar é filha de Bartolomeu Vieira e de sua primeira mulher, Francisca de Andrade. 


 

    A família de Domingos de Aguiar, casado com Joana de Andrade, segue por varonia até João Rodrigues de Aguiar, neto materno de um povoador da ilha Terceira, João de Aguiar. A família de Bartolomeu Bartoloemu Vieira, pai de Joana de Andrade, segue também por varonia até outro povoador dos Açores, Diogo Álvares Vieira, Cavaleiro fidalgo da Casa Real, etc.  Mas é através da ascendência que segue pela mãe de Joana de Andrade, Francisca de Andrade, que chegamos aos Barcellos. 

    Francisca de Andrade tem seu nome completo referido no vol. II - 'Bittencourt e Canto', à página 99 da obra Genealogias da Ilha Terceira (bem como na mesma obra no título Barcelos, §5°, n° 4): Francisca de Andrade de Ávila. Francisca casa-se em 12 de fevereiro de 1578 na Vila da Praia, ilha Terceira com o referido Bartolomeu Vieira. Ela é filha de André Martins de Ávila (filho de Martim Anes, o da Abelheira e de Catarina Gonçalves d'Ávila) e de Maria de Barcellos Machado (imagem abaixo) - portanto, mais uma transmissão feminina: através da avó materna de Joana de Andrade, chegamos à origem da trasmissão secular do sobrenome Barcellos. 


 


     A referida Maria de Barcellos Machado é filha de João de Barcellos Machado, que, com seu irmão Afonso, foi armado cavaleiro em Santa Cruz de Cabo de Gué, no Norte de África, pelo governador D. Francisco de Castro, sendo esta mercê confirmada por carta régia de 28.7.1523 (Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chanc. de D. João III, L. 45, n. 104) e de Maria Gonçalves Fagundes (filha de João Álvares de Carvalho, "o dos granéis" e de Beatriz Rodrigues Fagundes - segue-se, por essa, em Baldayas e Fagundes). 

João de Barcellos Machado, por fim, é filho do povoador Pedro (Pêro) de Barcellos, que possivelmente foi o primeiro de sua linhagem a adotar o sobrenome originário  de lugar, dado que é originário da cidade de Barcellos, e de Inês Gonçalves Machado (os descendentes de Pedro de Barcellos e Inês Gonçalves Machado tirarão brasão de armas a partir da família Machado, de sua antepassada, como outro filho do casal, Diogo de Barcelos Machado). 

 

Temos, portanto, estabelecida a ligação primeira, de origem toponímica, da família Barcellos do Sul do Brasil à sua origem na histórica cidade de Barcelos, Norte de Portugal. 

Solar dos Pinheiros, Barcelos, Portugal: algumas genealogias antigas filiam Pedro de Barcellos aos nobres Pinheiros, alcaides-mores de Barcelos.

 

    Por último, digno de nota que Pedro Barcellos, origem da família e que veio da vila de Barcelos para a ilha Terceira no tempo de Antão Martins Homem em finais do  séculco XV e recebeu desse terras de sesmaria na década de 1490, entre as freguesias de Quatro Ribeiras e Biscoitos, é o mesmo que, junto de João Fernandes Lavrador, a mando do rei D. João II (ou de D. Manuel) realizou expedição marítima na América do Norte, sendo o descobridor ou um dos primeiros europeus a chegar à Groenlândia e ao Labrador (que tem seu nome por conta daquele João Fernandes Lavrador), no Canadá. 

Detalhe de um mapa de 1534, mostrando as "Terras de Lavrador", descobertas por João Fernandes Lavrador e Pêro de Barcellos

 

Pedro de Barcellos morre em 8 de abril de 1507, em seu testamento intitula-se "escudeiro, Vassalo Del-Rei¹.

1. NORTON, Artur Manuel e MENDES, António Maria Ornelas. Carta de Brasão de Armas XIII: III Estudo genealógico da família do armigerado. Barcelos da Ilha Terceira. In: Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, Vol. XXXIV, 1976. p. 88. 

 

Obras consultadas:

MALDONADO, Manuel Luis. Fénix Angrence. Vol. I _ Parte Genealógica (manuscrito). 1683-1711.

MENDES, António Ornelas e FORJAZ, Jorge. Genealogias da Ilha Terceira. Angra do Heroísmo: Dislivro Histórica, 2007.

NORTON, Artur Manuel e MENDES, António Maria Ornelas. Carta de Brasão de Armas XIII: III Estudo genealógico da família do armigerado. Barcelos da Ilha Terceira. In: Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, Vol. XXXIV, 1976. p. 88.


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